quarta-feira, junho 12, 2024

Revolto exílio

As aves que aqui gorgeiam, não gorjeiam como lá,

Nem aqui, nem lá gorjeiam, estão a grasnar

Ou são os cantos, ou são ouvidos, ou são as aves

É ensurdecedor, enlouquecedor


Sem propósito e de propósito, 

Sem menasgem, 

Só barulho,


Afinal, sob poluição não erra-se o tom, 

E não tem desafino,

Tampouco, desatino.

Infinitamente afinal

E n'aquele derradeiro momento,

A luz apaga, o cérebro silencia,

Bilhões de caminhos se cerram,


A terra recebe o que emprestou,

A existência coleta sua parcela,

E quem fica, esquece o que não sabia,


Jamais seus feitos serão esquecidos,

Viramos a página,

Caminhamos o passo,

Reordenamos as tarefas,


E a coexistência vira existência,

As cartas são para o além

Os pés em pé e os pés deitados,

Não caminham mais, lado a lado.


O sentido precisa ser novo,

Sem sentido não basta afinal,


Jamais seremos novamente, como fomos

Olha que legal, ao vento

A infinitude teve seu fim, como todas.

quarta-feira, julho 01, 2020

O medo



O medo engana,
O medo mente,
O medo ilude,
O medo assusta,

O medo age sempre em benefício próprio,
O medo está buscando sobreviver,

O medo potencializa,
O medo agride,
O medo fere,
O medo mata,

O medo só recua, quando está prestes a destruir seu hospedeiro.

Abrace-o como um velho amigo, afinal, ele está preocupado contigo!

Liberte-o.

:o)

quinta-feira, março 05, 2015

Leves devaneios de uma mente interiorana...



Quem diria que o mancebo um dia, teria as letras.

- Para que? - uns perguntavam.
- Hoje aprende, amanhã terá a audácia de querer ensinar! - outros esbravejavam.

Ele muito contente, andava sorridente com um ar semelhante à paixão, não olhava mais para o chão, nem se tropeçasse.

- Que tolice! - comentavam as donas de casa quais almejavam o mesmo aprendizado.

- De que lhe servirão as letras burro mancebo... Vá logo ao trabalho! Não fique gastando as pontas do baralho tentando aprender os números, estes também não lhe servirão.

Mas o mancebo nada ouvia, só cantava poesia depois que aprendera a rima...
Rima, que rima com prima,
Não por coincidência,
Pois com certa frequência, de letras repetidas
Seria impossível não dar verso,
Que rima com converso, pela mesma razão,
Uma palavra dentro de outra buscando a melhor conexão...

Já chega! Mancebo charope!
Percebemos que deixaste a linguagem fática e a cara apática.
Agora vá, vá incomodar pra lá...