quarta-feira, junho 12, 2024

Revolto exílio

As aves que aqui gorgeiam, não gorjeiam como lá,

Nem aqui, nem lá gorjeiam, estão a grasnar

Ou são os cantos, ou são ouvidos, ou são as aves

É ensurdecedor, enlouquecedor


Sem propósito e de propósito, 

Sem menasgem, 

Só barulho,


Afinal, sob poluição não erra-se o tom, 

E não tem desafino,

Tampouco, desatino.

Infinitamente afinal

E n'aquele derradeiro momento,

A luz apaga, o cérebro silencia,

Bilhões de caminhos se cerram,


A terra recebe o que emprestou,

A existência coleta sua parcela,

E quem fica, esquece o que não sabia,


Jamais seus feitos serão esquecidos,

Viramos a página,

Caminhamos o passo,

Reordenamos as tarefas,


E a coexistência vira existência,

As cartas são para o além

Os pés em pé e os pés deitados,

Não caminham mais, lado a lado.


O sentido precisa ser novo,

Sem sentido não basta afinal,


Jamais seremos novamente, como fomos

Olha que legal, ao vento

A infinitude teve seu fim, como todas.